Saturday, November 19, 2005

A versão de Crazy (do Seal) por Alanis Morissette

Estava eu hoje assistindo ao Conan O'Brien quando ouvi a versão de Crazy pela Alanis Morissette. Eu conhecia a música pelo Seal, mas só agora eu prestei atenção à letra. Que loucura. É a descrição mais assustadora que eu vi de uma bad trip. Só ouvi coisa similar de pessoas que esperimentaram o Santo Daime, LSD ou Chá de Cogumelos. A musica pode ser ouvida aqui (escolha a música Crazy na lista à esquerda). E a letra (não exatamente como ela canta) está aqui. A versão em vídeo pode ser vista aqui (tem de instalar um ActiveX da AOL).

Wednesday, November 09, 2005

Sobre a confusão na Europa

Com todos estes acontecimentos de tensão social na França e uma discussão acalorada no site do CHONGAS, onde assino como Lasher, acabei encontrando um texto que escrevi quando estava em Portugal, logo após ter chegado da feira Eurobanking em Frankfurt na Alemanha. Na Alemanha estive com um grupo de brasileiros representando o país pela SOFTEX. Como é normal na Alemanha, tanto eu quanto outros brasileiros nos hospedamos em casas de pessoas normais que ganham dinheiro extra com isso. Existem agências que cuidam especificamente deste tipo de hospedagem e foi assim que nos arranjamos. Eu e outro brasileiro ficamos na casa de uma senhora muito simpática em um bairro de classe média alta. Um outro brasileiro ficou em um bairro de trabalhadores manuais. Este brasileiro, muito simpático, o típico animador de festas, foi a um bar da região e quase entrou em uma grande enrascada por conta de um sujeito neo-nazista que ficou incomodado com o seu brilho. Foi salvo pelos amigos alemães que fez no bar. Talvez eu ainda conte esta história neste blog. Mas o que me interessa é mostrar a impressão que eu tive de Portugal nesta mesma viagem de três semanas que ainda incluiu uma passagem pela COMDEX Las Vegas aqui nos EUA em uma de suas últimas edições. Este post vai em homenagem ao blog O Vizinho:

Visões sobre Portugal (Escrito em 7/11/2000)

Estando em Cascais, um balneário da grande Lisboa, onde mora meu irmão e tendo compromissos sérios e não tão sérios na capital sou obrigado a uma grande jornada para chegar aos meus destinos. Um trem, ou combôio como aqui se chama, que vai de Cascais ao Cais de Sodré seguido de inúmeras trocas no metrô, ou metro como falam os portugueses. A viagem é agradável, nada a comparar com o transporte público do Brasil. Tão agradável que aproveito para observar enquanto viajo. Observar o povo e os lugares. No primeiro trem para Lisboa, vejo um ato de vandalismo, alguém riscou nas costas da cadeira, alguém que provavelmente estava sentado onde ora eu sentava. Dizia, "CARLOS SOUSA AMO-TE LOUCAMENTE, ROSA SOUSA". Vi vandalismo mais bem elaborado, em tintas, em Frankfurt, na Alemanha, como uma bela suástica pintada em um portão de ferro. O vandalismo em Portugal pelo menos tratava de amor, amor louco, mas amor. No mesmo dia, no carro de metrô, no meu caminho de volta, vejo um ataque, agora em giz, de Daniela e Xena. Em um canto, "DANIELA & XENA 100% AMIGAS", em outro: "DANIELA AMA LUIS" e mais adiante, "XENA AMA CARECA". Que amor tem para oferecer as duas, provavelmente adolescentes, são amigas em seu grau mais elevado, que se medido em percentagem soma cem porcento e ainda assim possuem espaço para amarem Luis e Careca. E que amor tem Rosa, por seu esposo, pelo que parece por possuírem mesmo sobrenome, que chega a ser louco. Camões, um também Português, mais famoso que Xena, Daniela e Rosa, acredita em um amor menos consumidor, que "é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente, é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer."

Entretanto, exageros à parte, o vandalismo do amor é menos ofensivo e mais divertido de se ver.

Tuesday, November 08, 2005

Teu corpo é o templo

Templo de Jerusalém
Acredito que um dos maiores mal-entendidos dos ensinamentos cristãos é a interpretação popular do sentido de que o templo está em nós. Os evangélicos costumam ler e discutir a Bíblia bem mais que os católicos. Nós, católicos, somos reconhecidamente não leitores da Bíblia, exceto por uns poucos. Infelizmente os cristãos que conhecem alguma coisa sobre a Bíblia, o fazem de maneira superficial, não importando a sua denominação. A superficialidade provém da falta de compreensão do contexto histórico e religioso. Vamos, como muitos citadores de Bíblia, colocar duas passagens importantes do Novo Testamento que tratam do santuário (Templo) sem a contextualização:


I Coríntios 3:16 Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 17 Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é sagrado.

João 2:13 Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para Jerusalém. 14 E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; 15 tendo feito um azorrague de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas 16 e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio. 17 Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me consumirá. 18 Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que sinal nos mostras, para fazeres estas coisas? 19 Jesus lhes respondeu: Destruí este templo, e em três dias o reconstruirei. 20 Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu, em três dias, o levantarás? 21 Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo.


- Pronto! Tá vendo? Meu corpo é o templo e é sagrado. Só quando casarmos – diz a moça extremamente religiosa
- Mas ... – diz você enquanto fica imaginando como quer depedrar e vilipêndiar este monumento de templo que é a moça. Ao mesmo tempo imagina se isto está na Bíblia ou é invenção do Pastor ou Padre para frear os hormônios em embulição daquele pedacinho de paraíso.

Com tal barreira, o melhor é pesquisar e tentar descobrir que mensagem é esta. Quem se prestar a pesquisar vai descobrir exatamente o que eu vou escrever aqui, já mastigadinho. Os judeus de Jerusalém eram xenófobos e racistas, ao contrário da diáspora que era cosmopolita e tolerante. A diáspora (nome bonito para os judeus que vivem fora da Terra Santa) conseguiu carregar a ética judaíca para outros centros mais desenvolvidos como Roma e Egito e influenciar a classe-média alta destes centros. Muitos gentios (não judeus) viviam sob o ensinamento judáico, que bem ou mal permitiu que os judeus sobrevivessem como unidade por cinco mil anos até agora, enquanto civilizações mais ricas e bem armadas não duraram muito. Esta conversão nunca poderia ser completa, infelizmente, porque havia o fator geográfico da religião: o Templo de Jerusalém. No início, o cristianismo era mais uma das centenas de seitas judáicas que existiam na época. Se não fosse por Paulo, a mensagem não teria se tornado tão universal como se tornou. Paulo era da diáspora e teve a sensibilidade de compreender que aquilo era muito maior do que uma seita judáica poderia se transformar. Aquela mensagem era uma quebra de paradigma. Os Essênios, outra seita judáica da mesma época, quase tinham chegado lá. Eles se afastaram do centro corrupto do Templo e já começaram a ventilar a idéia de que o Templo estaria onde está a . Jesus de Nazaré, mais incisivo, fez como alicerce principal o desligamento do Templo com Deus. Os Essênios (parecido com os monges modernos) não conseguiam imagina Deus sem os judeus. O homem de Nazaré retirou o fator geográfico (o Templo somos nós) e o fator racista (pregava para cobrador romano, prostitutas e quem mais quisesse ouvir).

Em suma, o Templo está em nós significa que para estar perto de Deus a pessoa não precisa estar no Templo de Jerusalém. A mensagem é simples, a compreensão é sofisticada. Paul Johnson, um grande historiador, escreveu um livro sobre a história do Cristianismo e do Judaísmo. Vale a pena a leitura.