Monday, December 04, 2006

Lagosta Viva



Há umas poucas semanas inauguraram um supermercado asiático gigantesco. Minha esposa e eu acompanhamos a construção e estávamos na espera. Quando eu passei em frente no sábado de manhã a caminho do lava à jato (deu uma nevada de última hora só para sujar carro) vi que já estava cheio de carros e em pleno funcionamento. Assim que a Sofia, nossa filhinha de dois anos dormiu, fomos conhecer o local. Eu estava procurando uma fruta chinesa que o meu amigo Edge tinha recomendado [a não comprar], a Durian. Não encontrei a danada, mas já que estava lá comprei uma porção de coisas que nem sabia o que era e outras que sabia.

O que me chamou a atenção foi um tanque cheio de lagostas vivas e Dungeness Crab (um caranguejão daqui). Eu pedi uma lagosta e escolhi do tanque, apenas US$ 7.95 pela libra. O cara simplesmente tirou a lagosta com uma rede colocou num saco de papel e este dentro de um saco de plástico, pesou e somou os US$ 12.27. Eu continuei comprando, mas não tirava da cabeça o sofrimento que a lagosta estava passando. Cada vez que olhava para o carrinho de compras e via o saco, pensava no desconforto da lagosta. Minha mulher falou para eu deixar destas coisas. E depois ela pergunta porque nunca me viu chorando...

Eu cheguei em casa e tirei as fotos (uma delas é a que vocês vêem) e filmei um pouquinho também. A lagosta tava tão fraquinha que mal podia mover as patas. Eu a coloquei numa grande panela com água e ela ameaçou se animar. Quebrei uns biscoitos Cream Crackers estilo brasileiro (que você só encontra nos melhores supermecados asiáticos) e coloquei na panela como alimento. Sai com a família para o Shopping Stonebriar para a Sofia brincar no playground [gratuito] que tem por lá, já que está impossível ir para o parquinho aberto aqui perto de casa com a temperatura atual.

No Shopping já imaginava como eu ia adotar a lagosta. Ia ensiná-la a apanhar bola de beisebol, rolar, fingir de morta, meu Deus, e se ela tiver morrido? Se tivesse morrido o jeito seria ir para a panela. Mas quando sai ela estava respirando, ganhando forças e ainda tinha os farelos do biscoito para se alimentar...

Cheguei em casa e corri para a panela. Lá estava a Camille (já tinha ganhado nome) morta. Minha mulher zombou de mim, como era de se esperar. Camille não morreria em vão, pensei. Quinze minutos depois, já no fogo e com os ingredientes certos já estava pronto para o seu sacrifício. Sua carne, embebida em manteiga derretida (hmmmm) aplacou minha dor e minha fome. Semana que vem tem mais.