No início do século XX, o sociólogo alemão Max Weber lançou a obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Os alemães, embora expostos somente nos últimos séculos à filosofia ocidental (antes eram considerados povos bárbaros), deram-lhe uma contribuição sem igual, destituindo-lhe a metafísica e aproximando-a da ciência.
A importância da obra de Weber é tão grande que se acredita ainda não obsoleta e sua objetividade supera em muito a de Karl Marx, que se deixou infectar pela ideologia. Max Weber nos apresenta esta obra-prima da sociologia sob a forma de trabalho científico. Já na problematização, primeira parte, em que ele apresenta sua hipótese, como Freud em seus manuscritos, mas de maneira menos explicita, lança mão do artifício de um interlocutor crítico. A hipótese é de que as regiões que sofreram forte influência protestante, hoje, ou pelo menos à época do livro, mostram-se mais economicamente desenvolvidas, ou melhor, mais capitalistas, devido a uma nova ética estabelecida pela influência religiosa. O fenômeno também é notado pelo maior número de profissionais de alto nível entre os de filiação religiosa protestante. O interlocutor crítico, então, lança uma possível nova leitura para tal fenômeno, a de que as regiões mais prosperas foram as que aderiram primeiro ao Calvinismo, Pietismo e Protestanismo e como pressupõe-se que a herança é também responsável pela transferência dos meios de produção e pelo custeio da cara educação necessária para a criação de mão-de-obra altamente especializada, esta seria uma explicação. Entretanto, no desenvolvimento do trabalho vemos que o interlocutor estava errado.
O que Weber quer demonstrar, e o faz de maneira competente, é que com os movimentos de Reforma religiosa destituíram-se os velhos dogmas católicos que viam no capitalismo, tal como o conhecemos, um pecado, ou mais especificamente, de que o dinheiro jamais pode ser um fim em si, mas um meio. A idéia de vocação, primeiro instituída na tradução para o alemão da Bíblia, cria uma nova ética, de que o trabalho é uma vocação. O capitalismo, até então, era exercido sem esta ética, de forma inconstante. As pessoas preocupavam-se mais com o suficiente para viver com certo conforto, qualquer desejo além disso era visto como usura, um pecado.
Ao expor frases de Benjamim Franklin como expoente desta nova ética, contendo afirmações como “lembra-te que o dinheiro é de natureza prolífica, procriativa” ou “lembra-te de que tempo é dinheiro”, Weber delimita o que ele considera o espírito capitalista no seu trabalho. As frases mostram que o capitalismo é o que a religião considerava usura. Surge então a indagação: como o que era pecado, apenas tolerado na antigüidade, torna-se virtude aceita por todos? A resposta vem da evolução da religião protestante que como já dito adiciona a palavra vocação ao vocabulário das pessoas. O trabalho passa a ser visto como uma obrigação para com Deus, uma vocação. O dinheiro proveniente dele, um bem divino, do qual o beneficiário não é o dono, mas somente o fiel depositário. Vê-se aí a natureza de poupança, tão importante para o capitalismo. A forma de se comportar também é importante, o trabalho é uma vocação, o dinheiro uma dádiva, mas a ostentação continua pecado. Weber, embora de maneira disfarçada, mostra um pouco da hipocrisia religiosa, pelo menos sob a luz de Franklin, que inclui normas de comportamento em suas frases, que se referem mais às aparências do que à ética.
O mais importante, entretanto, é que Weber reconhece o desligamento da religião com o capitalismo e apenas enxerga fortes traços da ética estabelecida pelas religiões de linha protestante com a ética capitalista moderna. O filósofo holandês de origem judaica, Spinozza, afirmou que deveríamos ver as coisas sob a perspectiva da eternidade. Este livro de Weber foi apontado como o mais lido do século, mas resta perguntar o quão atual ele é. Segundo o economista Claudio de Moura Castro, em seu ponto de vista publicado na revista Veja de 16 de junho de 1999, com o título “Como foi que deu Certo?”, falta surgir um Max Weber caboclo para explicar o aumento de 340 vezes do produto bruto brasileiro nos últimos 67 anos, uma vez que não somos muito partidários das virtudes protestantes (“trabalho duro, vida espartana, poupança e honestidade pessoal”). Max Weber não explica o Brasil.
A importância da obra de Weber é tão grande que se acredita ainda não obsoleta e sua objetividade supera em muito a de Karl Marx, que se deixou infectar pela ideologia. Max Weber nos apresenta esta obra-prima da sociologia sob a forma de trabalho científico. Já na problematização, primeira parte, em que ele apresenta sua hipótese, como Freud em seus manuscritos, mas de maneira menos explicita, lança mão do artifício de um interlocutor crítico. A hipótese é de que as regiões que sofreram forte influência protestante, hoje, ou pelo menos à época do livro, mostram-se mais economicamente desenvolvidas, ou melhor, mais capitalistas, devido a uma nova ética estabelecida pela influência religiosa. O fenômeno também é notado pelo maior número de profissionais de alto nível entre os de filiação religiosa protestante. O interlocutor crítico, então, lança uma possível nova leitura para tal fenômeno, a de que as regiões mais prosperas foram as que aderiram primeiro ao Calvinismo, Pietismo e Protestanismo e como pressupõe-se que a herança é também responsável pela transferência dos meios de produção e pelo custeio da cara educação necessária para a criação de mão-de-obra altamente especializada, esta seria uma explicação. Entretanto, no desenvolvimento do trabalho vemos que o interlocutor estava errado.
O que Weber quer demonstrar, e o faz de maneira competente, é que com os movimentos de Reforma religiosa destituíram-se os velhos dogmas católicos que viam no capitalismo, tal como o conhecemos, um pecado, ou mais especificamente, de que o dinheiro jamais pode ser um fim em si, mas um meio. A idéia de vocação, primeiro instituída na tradução para o alemão da Bíblia, cria uma nova ética, de que o trabalho é uma vocação. O capitalismo, até então, era exercido sem esta ética, de forma inconstante. As pessoas preocupavam-se mais com o suficiente para viver com certo conforto, qualquer desejo além disso era visto como usura, um pecado.
Ao expor frases de Benjamim Franklin como expoente desta nova ética, contendo afirmações como “lembra-te que o dinheiro é de natureza prolífica, procriativa” ou “lembra-te de que tempo é dinheiro”, Weber delimita o que ele considera o espírito capitalista no seu trabalho. As frases mostram que o capitalismo é o que a religião considerava usura. Surge então a indagação: como o que era pecado, apenas tolerado na antigüidade, torna-se virtude aceita por todos? A resposta vem da evolução da religião protestante que como já dito adiciona a palavra vocação ao vocabulário das pessoas. O trabalho passa a ser visto como uma obrigação para com Deus, uma vocação. O dinheiro proveniente dele, um bem divino, do qual o beneficiário não é o dono, mas somente o fiel depositário. Vê-se aí a natureza de poupança, tão importante para o capitalismo. A forma de se comportar também é importante, o trabalho é uma vocação, o dinheiro uma dádiva, mas a ostentação continua pecado. Weber, embora de maneira disfarçada, mostra um pouco da hipocrisia religiosa, pelo menos sob a luz de Franklin, que inclui normas de comportamento em suas frases, que se referem mais às aparências do que à ética.
O mais importante, entretanto, é que Weber reconhece o desligamento da religião com o capitalismo e apenas enxerga fortes traços da ética estabelecida pelas religiões de linha protestante com a ética capitalista moderna. O filósofo holandês de origem judaica, Spinozza, afirmou que deveríamos ver as coisas sob a perspectiva da eternidade. Este livro de Weber foi apontado como o mais lido do século, mas resta perguntar o quão atual ele é. Segundo o economista Claudio de Moura Castro, em seu ponto de vista publicado na revista Veja de 16 de junho de 1999, com o título “Como foi que deu Certo?”, falta surgir um Max Weber caboclo para explicar o aumento de 340 vezes do produto bruto brasileiro nos últimos 67 anos, uma vez que não somos muito partidários das virtudes protestantes (“trabalho duro, vida espartana, poupança e honestidade pessoal”). Max Weber não explica o Brasil.
3 comments:
Zarat;
O Brasil é uma falácia econômica. Aumentar o PIB 340 vezes em 67 anos não parece grande coisa, quando se parte de um valor - ou volume - baixo.
Quero ver se nos próximos 67 anos a gente pelo menos triplica nosso PIB. Ah, se assim fosse...
Você consegui traduzir muito bem o pensamento do Weber.. só faltou falar da doutrina calvinista da predestinação / eleição, que marcou o caráter ascético de muitas igrejas protestantes e foi fundamental para santificação e racionalização do trabalho - que nem precisa dizer - essencial para o desenvolvimneto do capitalismo.
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